O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou, na última quinta-feira (6), sua defesa contra a denúncia da PGR sobre o plano de golpe de Estado. Na manifestação, ele alegou ser vítima de Fishing expedition, ou “pesca probatória”. A prática teria sido feita pela Polícia Federal e é vista como ilegal pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Fishing expedition ou pescaria probatória é conceito muito presente nas investigações em todo o mundo.
É simples como a própria nomenclatura: como na pescaria, os órgãos de investigação lançam sua vara no rio, sem saber o que virá. Qualquer peixe servirá. No meio jurídico, os órgãos de investigação devassam a intimidade do cidadão sem ter qualquer escopo de investigação, sem qualquer fundamento para tanto. Apenas para fisgar um crime.
Segundo a defesa do ex-presidente, a PF praticou ações ilegais a partir do momento em que solicitou várias quebras de sigilo em investigação anterior ao golpe e que mirava o vazamento de um inquérito sigiloso sobre um ataque hacker aos sistemas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Para obter informações sobre Bolsonaro, a investigação teria praticado a pesca probatória, quebrando sigilos para mirar informações diferentes das quais eram alvo da apuração inicial.
A pesca probatória consiste em uma busca genérica ou sem fundamento específico, a partir da quebra de sigilos ou levantamento de informações, que não necessariamente levantem suspeita concreta. A prática é vista como ilegal, conforme a jurisprudência do STF (Supremo Tribunal Federal).
A ação, portanto, seria como se os investigadores jogassem a “rede” para “pescar” algo novo, visto que não há alvo pré-definido. Na argumentação da defesa de Bolsonaro, o foco da investigação era o vazamento do inquérito sobre o ataque hacker ao TSE, mas outras linhas foram abertas.
As novas linhas de investigação, conforme a defesa, tinham outros alvos. Entre eles, estariam o possível desvio de valores do cartão corporativo de Bolsonaro, a falsificação do cartão de vacinação e a que deu origem à apuração do golpe.