A investigação da Polícia Federal que desvendou um esquema de grilagem de terras da União teve início em Dourados, conforme revelou a delegada Kelly Trindade durante coletiva de imprensa nessa quinta-feira (9), após a deflagração da Operação Pantanal Terra Nullius.
A investigação resultou na apreensão de R$ 600 mil em espécie, além de documentos, notebooks, celulares e veículos pertencentes aos investigados.
Segundo a delegada, o caso começou a ser apurado após a tentativa de registro de terras com documentos fraudulentos em cartório. Com o envolvimento de áreas federais, o caso passou à competência da Polícia Federal, que identificou o foco das ações ilícitas na Fazenda Carandá Preto, em Aquidauana.
“O esquema era realizado por meio de documentos fraudulentos, falsidade ideológica, associação criminosa e corrupção”, explicou Trindade. A investigação apontou que os processos fraudulentos tinham origem na Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), onde servidores públicos protocolavam procedimentos para titularização de terras da União, o que deveria ser competência exclusiva do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
As apurações indicam que havia uma estrutura sistemática, com o envolvimento direto de servidores da Agraer e empresários. “Acho que pode até ser considerada uma organização criminosa. A sistemática envolvia o desvio do processo legal de titularização, permitindo que particulares registrassem terras federais, inclusive em faixa de fronteira”, detalhou a delegada.
A operação cumpriu 10 mandados de busca e apreensão nos municípios de Campo Grande e Rio Brilhante, tendo como alvos quatro servidores da Agraer, dois empresários, um funcionário de empresa privada e uma produtora rural.
Entre os investigados estão:
A PF ainda avalia a extensão do dano causado ao patrimônio público e não descarta novas fases da operação. As investigações seguem em sigilo para aprofundamento da análise documental e financeira.