O Consórcio Dunas foi o grande vencedor do processo de concessão de serviços de apoio à visitação no Parque Nacional de Jericoacoara, no Ceará, realizado pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio).
O empreendimento é formado pelo Grupo Cataratas junto com a Construcap, construtora presidida por Roberto Ribeiro Capobianco. Alvo da Lava Jato em 2016, o empresário é irmão de João Paulo Ribeiro Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, pasta à qual o ICMBio é vinculado. Além do parentesco, eles são sócios em outra empresa.
O edital para concessão foi publicado pelo instituto no Diário Oficial da União em setembro de 2023, e o leilão ocorreu em janeiro de 2024, em evento na B3. O consórcio vencedor poderá explorar economicamente o fluxo de turistas no local, com a cobrança de ingressos para entrada em Jericoacoara. O próprio ICMBio fiscalizará tudo. Por enquanto, o parque está em momento de transição para a administração privada.
Ligação entre consórcio vencedor da concessão de Jericoacoara e o secretário-executivo do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco é seu irmão.
O projeto prevê uma contrapartida de investimentos de R$ 116 milhões em infraestrutura no parque. A validade do acordo é de 30 anos. Para vencer o leilão, o consórcio formado pela Construcap e Cataratas fez uma proposta no valor de R$ 61 milhões. O segundo maior lance foi do Consórcio Nova Jericoacoara, de R$ 25 milhões. O valor mínimo para a outorga era de R$ 7 milhões.
Além da presidência ser ocupada por Roberto Ribeiro, há integrantes da família Capobianco em outros cargos-chave da Construcap. São eles: Maria Silva Ribeiro (conselheira de administração), Julio Capobianco Filho (diretor) e Maria Lucia Ribeiro Capobianco Porto (conselheira de administração).
O secretário-executivo do Meio Ambiente João Paulo Capobianco não tem participação na Construcap, mas é sócio do irmão em outro empreendimento, a Goiasa Goiatuba Alcool LTDA.
A empresa é administrada por integrantes da família Capobianco e atua no cultivo de cana-de-açúcar e soja, na fabricação de álcool e também na geração de energia elétrica. O capital social dessa iniciativa, segundo o registro na Receita Federal, é de R$ 267,7 milhões.
O presidente da Construcap, Roberto Ribeiro Capobianco, foi preso em 2016 junto com outro irmão, Eduardo Capobianco. Eles foram alvos da Operação Abismo, na 31ª fase da Lava Jato. A empresa, na ocasião, fazia parte do Consórcio Novo Cenpes, investigado pelo suposto pagamento de R$ 39 milhões em propinas na contratação das obras do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), no Rio de Janeiro.