Intimado para prestar esclarecimentos sobre as denúncias de assédio, abuso sexual e até injúria racial, em Campo Grande, a defesa do ginecologista alegou "idade avançada" para ele faltar em depoimento. Segundo a polícia, houve ainda o pedido de adiamento por mais 10 dias por conta da Covid-19 e, em seguida, um atestado psiquiátrico dizendo que "ele não está bem".
A reportagem tentou contato com o advogado do médico nesta quinta-feira (30), porém, ele não atendeu as ligações.
No entanto, mesmo sem o depoimento e diante ao conjunto probatório que consta na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), a polícia deve encerrar do inquérito e indiciar o médico pelos crimes de importunação sexual e injúria racial, em casos que envolvem uma colega de profissão, na época médica residente e que ficava sob o comando dele, além de uma paciente.
Nos primeiros inquéritos, mesmo ele permanecendo em silêncio no interrogatório, houve o indiciamento. Conforme a delegada Maíra Pacheco, responsável pelas investigações, "havia elementos que possibilitaram o indiciamento". Agora, os inquéritos em andamento devem ser remetidos ao poder judiciário nesta sexta-feira (4) ou na próxima segunda-feira (7), ainda de acordo com a polícia.
Médico era "assunto nos corredores", dizem testemunhas
No mês anterior, a investigação interrogou mais 4 médicos que atuavam com o ginecologista. Há mais de uma década, segundo a delegada, as pessoas já diziam que o comportamento dele era motivo de comentários de colegas nos corredores.
"Nós realizamos o indiciamento dele, de investigações interiores e concluímos o inquérito. Em seguida, neste mês de outubro, duas novas vítimas apareceram na delegacia, sendo uma paciente vítima de importunação e outra médica por assédio que, na época, era residente e devia obediência a ele em uma hospital da cidade. É lá que, há 11 anos, muitos já falavam do comportamento inadequado dele com as mulheres", falou ao G1 na ocasião.